MotoMundo

Sem limites

A compacta KTM Duke 790 se dá bem em qualquer ambiente, desde que possa liberar seu lado feroz e afiado

por Christian Corneo  –  Exclusivo no Brasil para Auto Press

Logo na sua primeira apresentação, ainda como protótipo, no Salão de Milão ou EICMA 2016, a KTM Duke 790 recebeu o apelido “Bisturi”, por ser precisa, mas que pode se tornar mortal. No momento de sua apresentação como produto final, no EICMA 2017, já havia conquistado o público com suas formas tensas e pontiagudas, prontas para ganhar uma grande fatia do mercado em um segmento povoado por monstros sagrados, às vezes intocáveis. A aparência rebelde da naked austríaca não fica apenas nas intenções. A ideia era preencher a lacuna na gama naked entre a monocilíndrica 690 LC4 e a bicilíndrica 1290 LC8. E assim nasceu o novo motor bicilíndrico LC8c, sigla para “Liquid Cooled 8-valve compact”, que descreve a configuração do propulsor refrigerado a líquido com 8 válvulas compacto, que rende 105 cv.

Duke é sinônimo de KTM desde o início dos tempos. A evolução desse nome, ao longo dos anos, levou a uma evolução contextual das linhas que se tornaram cada vez mais tensas e mais nítidas. A descendência em relação à 1290 é clara, especialmente na frente angular com o grupo óptico de duas seções e as luzes diurnas em led que delineiam seu perfil. Os plásticos são reduzidos ao mínimo e se caracterizam pela qualidade notável de serem resistentes e flexíveis ao mesmo tempo. A 790 é uma Duke em na forma e na substância. O objetivo não era desviar-se muito do conceito original, mas integrar itens obrigatórios, como suporte de placa, espelhos e sistema de escape com emissões de acordo com a lei. A estética desejada pela KTM está ligada à filosofia de “menos é mais”, e por isso as superestruturas plásticas foram reduzidas ao mínimo, deixando visível o novo motor.

O piloto está no centro do projeto: tudo é estudado porque a ergonomia é a protagonista. O assento é realmente confortável. Ele abriga o piloto e se estende até a parte do passageiro com um visual que faz com que pareça um modelo monoposto. De verdade, não é. O conforto do carona permite que ele viaje muitos quilômetros sem ter que esticar as pernas. E é quase nulo o calor emitido pelo escape – a moto de teste tinha um opcional da Akrapovic com proteção de carbono para proteger as panturrilhas do passageiro.

O elemento mais instigante da nova Duke 790 é o novo motor LC8c. Ele tem dois cilindros e 799 cm³, é capaz de fornecer 105 cv de potência a 9 mil rpm e 8,9 Kgfm de torque a 8 mil giros e tem dimensões muito pequenas. Os engenheiros da KTM declararam que o novo motor tem o comportamento e a facilidade de uso de um motor de 600 cm³ com o desempenho de um 800 cm³ e com um torque sempre alto.

Mas o que é mais apreciado pelos projetistas de Mattighofen, cidade-sede da KTM, é a simplicidade misturada com o cuidado com o qual os componentes foram feitos. Os comandos de punho são intuitivos e permitem uma navegação simples do monitor colorido TFT com o ajuste automático da intensidade para compensar a luz ambiente. Outro ponto foi o mapeamento dos controles dinâmicos, para tornar a intervenção eletrônica menos invasiva. A Duke se transforma de naked clássica para superesportiva com uma mudança de chave. Sport, Street, Rain e Track são os quatro modos de pilotagem configurados. Todas calibram a resposta do acelerador, o controle de Tração, a entrega de potência e, obviamente, o sistema antiempino.

O chassi desenvolvido pela KTM buscou a compactação e a redução de peso com soluções inovadoras de engenharia. A seção tubular tipo Diamont que caracteriza as KTM também permanece na 790, mas reforçada por elementos cromo-molibdênio nos pontos de maior estresse. o motor é inserido como um elemento estrutural. Um chassi à beira da excelência, com pesos balanceados. A frenagem é poderosa graças ao par de discos de 300 mm na frente – pela primeira vez neste modelo, a KTM abandona o histórico parceiro Brembo, a favor da marca espanhola J. JUAN. As suspensões são clássicas da WP, que garantem suporte em todas as condições de uso sem nunca entrar em crise.

Impressões ao pilotar 

Como uma luva

É fácil para a KTM Duke 790 se tornar uma extensão do piloto. Os joelhos se encaixam perfeitamente nas ranhuras nas laterais do tanque; as mãos seguram um guidão com a largura ideal e o pé esquerdo lança a primeira marcha sem o menor esforço. Essas são as sensações “frias”, de quando se monta na nova Duke 790 pela primeira vez. O propulsor rende 105 cv a 9 mil rpm, mas neste caso são realmente apenas “números”: o chassi, a distribuição das massas e a posição de pilotagem fazem mágica. A KTM criou um veículo explosivo, fácil e rápido. E que dá a sensação de total facilidade a quem comanda o guidão.
               O motor bicilíndrico empurra com força, graças a um gerenciamento eletrônico impecável e ao modo de desativação do freio do motor traseiro chamado “SMOTO”, que permite brincar com a moto nas curvas. A excelente estabilidade do monochoque traseiro, evita a compressão que faria a frente flutuar. tenderia a flutuar na frente. Se o motor pressiona com força, a suspensão segue o ritmo. A sensação permanente é que tudo está sob controle. A frenagem no limite é um prazer com o modo SMOTO ativado e a entrada nas curvas ocorrem em deriva controlada, como no mais puro estilo motard. A caixa de câmbio eletrônica também merece elogios. Funciona bem em todas as condições, mas conversa melhor com o motor se os giros estão acima de 3 mil rpm.
               A KTM Duke 790 se mostrou o tempo todo uma motocicleta com um motor utilizável em 360°: na pista, na rua e na estrada. Ela é confortável, leve (tem 169 kg) mas uma altura do banco de 82,5, que permite um razoável apoio dos pés no chão. Com o acelerador no modo Padrão, permite circular no trânsito sem problemas de ativação/desativação. Já saindo da cidade e levando tudo ao extremo. Na pista, mostra enorme apetite para encarar as curvas. Em todas estas ocasiões, no entanto, fica claro que o motor LC8c não gosta de baixas rotações. Esta nova naked parece gostar mesmo é de gritar e ser levada ao limite.

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